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HISTÓRIAS
DE VIDA,
HISTÓRIAS
DE FAMÍLIA

Nesta sala, as linhas da história e da memória conectam biografias, tempos e lugares em torno de uma tradição familiar marcada pelo pioneirismo, pela visão de futuro e pela inserção social, política e econômica desde o século XVIII. Dedicado à família de Ormeo Junqueira Botelho, herdeiro legítimo dessa tradição, o ambiente evoca lembranças e feitos, encadeando experiências individuais e coletivas em uma história de múltiplas fronteiras.

Os enlaces matrimoniais geram frutos e recordações. Vidas que geram outras vidas, interligadas pela via dos afetos, do respeito mútuo e do compartilhamento de valores e ideais. Legado subjetivo que pode materializar-se em gestos e ações, transcender o círculo familiar e contribuir para tornar mais ricas e benéficas as relações humanas e a vida em sociedade.

Os objetos cuidadosamente expostos em vitrine carregam significados e instigam a imaginação em torno do fazer e do sentir compartilhados por gerações.

DAS MINAS DO OURO AOS SERTÕES DO LESTE

Em 1784, um dos ilustres antepassados da família, o guarda-mor Galvão de São Martinho, foi designado pelo governador das Minas Cunha Menezes para fazer “exatíssima averiguação” das “utilidades” das terras que compunham o sertão da parte leste da capitania, onde se encontra, atualmente, o município de Leopoldina.

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O explorador e povoador do Leste mineiro Pedro Afonso Galvão de São Martinho (1741-1815)

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NOTA BIOGRÁFICA

Para acompanhá-lo na expedição pelos “sertões proibidos”, expressão do mesmo governador, foi indicado o alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), destacado por seus conhecimentos sobre a região e a mineralogia.

OS PIONEIROS DAS MINAS E DA SIDERURGIA NO BRASIL

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Uma das filhas do guarda-mor, Inês de Castro Galvão de São Martinho, casou-se com Manoel José Monteiro de Barros. Ambos nasceram em Congonhas do Campo, região dos primeiros descobertos do ouro que garantiu a riqueza e a ampliação dos negócios de suas famílias.

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NOTA BIOGRÁFICA

Formado em Coimbra, Portugal, o desembargador Manoel José Monteiro de Barros (1781-1860) deixou o Rio de Janeiro em 1816, para assumir o cargo de escrivão da Junta da Fazenda Real em Ouro Preto. Vereador, conselheiro e deputado provincial entre 1825 e 1841, era homem de reputação ilibada e espírito patriótico.

O empreendimento extraordinário que dá início à tradição empresarial da família é a fábrica de ferro Patriótica, construída em 1812 pelo barão de Eschwege e por Manoel José Monteiro de Barros, seus irmãos, Galvão de São Martinho e outros acionistas. Funcionou até 1822 e produziu enorme quantidade de ferro, utilizando tecnologias avançadas para a época.

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Ruínas da Fábrica Patriótica em Ouro Preto, protegidas pelo patrimônio nacional desde 1938

De visão aguçada, após sua aposentadoria o desembargador Monteiro de Barros transferiu-se com a família para a Fazenda Providência, que por volta de 1825 mandou construir nas terras férteis do vale do Pirapetinga, não muito distante do Curato de São Sebastião do Feijão Cru.

A fazenda, localizada em Providência, Leopoldina, era grande produtora de grãos, e com a valorização do café tornou-se ainda mais lucrativa.

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O NASCIMENTO DE LEOPOLDINA

A expansão das lavouras de café modificou completamente a paisagem. Com o aumento substancial de suas rendas, o Distrito de São Sebastião do Feijão Cru foi elevado a município em 1854, com o nome de Leopoldina, em homenagem à filha do imperador Pedro II.

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Capitão Manoel José Monteiro de Castro (1805-1869)

NOTA BIOGRÁFICA

O primeiro presidente da Câmara Municipal, eleito em 1855, foi o capitão Manoel José Monteiro de Castro (1805-1869), sobrinho do comendador Monteiro de Barros e primeiro barão de Leopoldina.

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O TRABALHO NAS LAVOURAS DE CAFÉ
E A FORMAÇÃO SOCIAL DE LEOPOLDINA

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Às vésperas da abolição de 1888, Leopoldina era o segundo município mineiro em número de pessoas escravizadas, atrás apenas de Juiz de Fora. O trabalho forçado, com o sacrifício diário da grande população de afrodescendentes, garantiu durante décadas a riqueza de suas fazendas e o desenvolvimento local.

NOTA HISTÓRICA

Leopoldina recebeu, a partir da década de 1880, milhares de imigrantes que vieram da Itália com suas famílias para trabalhar como colonos nas lavouras de café, em substituição ao trabalho escravo.

A UNIÃO ENTRE OS DESCENDENTES
DE NOBRES FAMÍLIAS

Herdeiro do desembargador Monteiro de Barros e do prestígio da família, o tenente-coronel Antônio Augusto Monteiro de Barros Galvão de São Martinho casou-se com Maria de Nazareth Negreiros Sayão Lobato, filha do senador João Evangelista de Faria Lobato e irmã dos viscondes de Niterói e Sabará. Uma das filhas do casal, Antônia Augusta, nascida na Providência em 1851, escolheu como pretendente José Ribeiro Junqueira, descendente do barão de Alfenas.

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Antônia Augusta Monteiro Lobato Galvão de São Martinho e José Ribeiro Junqueira casaram-se e, por volta de 1869, passaram a viver na Fazenda Nyagara em Santa Izabel, atual distrito de Abaíba, Leopoldina

AS RAÍZES NO SUL DE MINAS

Descendentes diretos e parentes próximos do barão de Alfenas, entre eles os irmãos Maria do Carmo Ribeiro Junqueira de Carvalho, proprietária da Fazenda Pedra Negra, em Santa Izabel, e José Ribeiro Junqueira, deslocaram-se para a região cafeeira de Leopoldina ao longo do século XIX.

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Gabriel Francisco Junqueira (c.1782-1868), barão de Alfenas, dono de várias fazendas e líder político dos mais importantes no sul de Minas

NOTA BIOGRÁFICA

José Ribeiro Junqueira nasceu em Carmo de Minas em 1849. Era filho do pecuarista Antônio José Ribeiro de Carvalho, dono da Fazenda do Condado, e de Helena Nicésia, filha do barão de Alfenas. Estudou e trabalhou no Rio de Janeiro antes de vir para Leopoldina. De perfil arrojado, além de rico fazendeiro, construiu por empreitada a estrada entre Santa Izabel e Leopoldina em 1896.

A CHEGADA DA FERROVIA

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Os Monteiro de Barros e, particularmente, o tenente-coronel Galvão de São Martinho, por suas relações políticas e empenho, contribuíram para a aprovação da lei de 1871 que autorizou a construção de uma estrada de ferro que, partindo dos trilhos da Ferrovia Pedro II, chegasse a Leopoldina, ligando o município à capital do Império.

A Estrada de Ferro Leopoldina, a primeira construída em território mineiro, chegou ao município em 1874; suas estações na área rural beneficiaram as fazendas da região.

FAZENDA NYAGARA

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A chegada da ferrovia a Santa Isabel deu novo fôlego às fazendas do povoado, facilitando o escoamento do café, o comércio e o acesso de passageiros à corte do Rio de Janeiro, centro irradiador da vida social e cultural brasileira no Império. Os proprietários da Fazenda Nyagara puderam expandir seus negócios e criar os filhos com todas as comodidades da época, esmerando-se na sua educação e compartilhando com eles o entusiasmo pelo progresso. Os filhos receberam os sobrenomes Monteiro Ribeiro Junqueira e os que chegaram à fase adulta foram Antônio, nascido em 1870; José, em 1871; Maria Nazareth, em 1873; Custódio, em 1875; Gabriel, em 1876; Antônia, em 1887 e Sebastião, em 1892.

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Fazenda Nyagara, localizada em Abaíba, Leopoldina

LAÇOS DE FAMÍLIA

O casal Francisco e Maria de Nazareth passou a viver na Fazenda Santo Antônio, vizinha à Nyagara. Tiveram seis filhos com os sobrenomes Junqueira Botelho: José, Adauto, Ormeo, Emerenciana, Antônio e Nanto

O irmão de José Ribeiro Junqueira, Joaquim Cândido, dono da Fazenda Pensilvânia, em Leopoldina, era casado com Maria Esmene, filha do líder político Fidelis de Andrade Botelho. A convivência entre as famílias favoreceu vários casamentos. A primeira a se casar foi Maria de Nazareth; o escolhido, Francisco de Andrade Botelho, era filho de Fidelis Botelho.

NOTA BIOGRÁFICA

Francisco de Andrade Botelho (1867-1923) formou-se em medicina no Rio de Janeiro em 1890 e passou a atender a população rural de Santa Izabel e adjacências. Em 1909, transferiu-se com a família para a sede do município, onde atuou como médico e tesoureiro da Casa de Caridade, professor do Ginásio Leopoldinense e empresário. Abraçou a carreira política em 1918, como senador estadual em Minas.

Os irmãos Custódio e Gabriel Monteiro Ribeiro Junqueira casaram-se, respectivamente, com Emerenciana e Ana Paulina Botelho Reis, filhas de Elena Constança de Andrade Reis, outra irmã de Francisco de Andrade Botelho

José Monteiro Ribeiro Junqueira casou-se com a prima Helena de Andrade, filha de Joaquim Cândido e Maria Esmene, irmã de Francisco de Andrade Botelho​.

​Antônia Monteiro Ribeiro Junqueira casou-se com Antônio de Andrade Ribeiro, irmão de sua prima e cunhada Helena

Nota biográfica e fotografia de Fidelis de Andrade Botelho, herdeiro político do barão de Alfenas no sul de Minas. Faleceu em Leopoldina, onde está enterrado.

A VISITA DO FOTÓGRAFO:
FILHOS E NETOS DA NYAGARA

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Recordação das famílias de José Monteiro Ribeiro Junqueira, sentado com um dos filhos no colo, e do irmão Custódio, o terceiro da esquerda para a direita, com suas respectivas esposas, Helena e Emerenciana, e os filhos e primos, entre eles Adauto, o primeiro que aparece em pé, filho de Maria de Nazareth e Francisco de Andrade Botelho. O irmão Francisco Monteiro Ribeiro Junqueira, que não se casou, é o segundo em pé, ao lado de Custódio

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JOSÉ MONTEIRO RIBEIRO JUNQUEIRA: CIDADÃO DE LEOPOLDINA

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Formado em 1893 pela Faculdade de Direito de São Paulo, onde atuou como jornalista, e retornou a Leopoldina; colaborou na imprensa local até fundar a Gazeta de Leopoldina em 1895, quando iniciou carreira política como deputado estadual.

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À frente do Executivo municipal entre 1898 e 1902, efetivou amplo programa de modernização da cidade, incluindo o ajardinamento do Largo do Capitão Félix Martins, que ganhou palmeiras imperiais e se tornou o local preferido dos habitantes.

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Destaques da política mineira no cenário nacional, da esquerda para direita: Delfim Moreira, Júlio Bueno Brandão, Francisco Bressane, Ribeiro Junqueira, Wenceslau Braz e Benjamin Macedo. Homens cuja biografia se confunde com a da própria República em Minas e no país

INICIATIVAS E EMPREENDIMENTOS: O FUTURO ESTÁ EM LEOPOLDINA

A crise da economia cafeeira que abateu os ânimos dos fazendeiros da região serviu de impulso para que a família, incluindo Francisco de Andrade Botelho, diversificasse seus negócios e, de forma pioneira, investisse na industrialização, conferindo a Leopoldina verdadeiro protagonismo em Minas Gerais e no país

COMPANHIA FORÇA E LUZ CATAGUASES-LEOPOLDINA

Presidida por José Monteiro Ribeiro Junqueira, a companhia, fundada em 1905, impulsionou o desenvolvimento econômico de Leopoldina e dos municípios do entorno.

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A Usina Maurício, uma das primeiras hidrelétricas do país, construída às margens do rio Novo, em Leopoldina, entrou em operação em 1908

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Alunos da Escola de Farmácia e Odontologia
do Ginásio Leopoldinense, 1914

GINÁSIO LEOPOLDINENSE

Iniciativa dos irmãos José e Custódio Monteiro Ribeiro Junqueira, a instituição criada em 1906 evoluiu de forma impressionante. Com cursos superiores de farmácia e odontologia, além de Escola Normal e Aprendizado Agrícola, deu a Leopoldina o título de Atenas da Zona da Mata.

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Locomotiva na Estação de Leopoldina, tendo à frente o governador de Minas, ao seu lado José Monteiro Ribeiro Junqueira, membros de sua família e outros, em 1907

CONGRESSO DAS MUNICIPALIDADES DA MATA E EXPOSIÇÃO REGIONAL

Eventos realizados em 1907, com a presença do governador João Pinheiro e de lideranças políticas, fazendeiros e empresários da região. A exposição foi um sucesso e pode ser considerada uma das primeiras do país.

COMPANHIA LEITERIA LEOPOLDINENSE

Instalada em 1911, possuía as maiores e mais modernas câmaras frigoríficas do país e uma fábrica de laticínios. A companhia estimulou a criação de gado leiteiro no município, diminuindo sua dependência em relação ao café. A Nyagara era uma das suas principais fornecedoras de leite. Em 1924, inaugurou o serviço de entrega domiciliar de leite pasteurizado.

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Leiteria Leopoldinense, setor de laticínios

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ZONA DA MATA PECÚLIOS E CASA BANCÁRIA

Criadas entre 1911 e 1912, as duas empresas funcionavam no mesmo prédio, em Leopoldina. Com diversas agências em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a Casa Bancária de Ribeiro Junqueira Irmão & Botelho passou a se denominar Banco Ribeiro Junqueira. Uma bela sede foi construída ao lado do prédio antigo, trazendo modernidade ao núcleo urbano do município.

COMPANHIA FIAÇÃO E TECIDOS LEOPOLDINENSE

Com maior impacto social e econômico, a empresa, criada em 1926, gerou empregos e trouxe um movimento novo ao cotidiano de Leopoldina.

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Em 1939, a fábrica contava com 300 teares, 10.000 fusos e 480 funcionários

ORMEO JUNQUEIRA BOTELHO

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Nasceu em 1897 na Fazenda Nyagara, filho de Maria de Nazareth e Francisco de Andrade Botelho. Em 1918 formou-se em engenharia pela Politécnica do Rio de Janeiro. De volta a Leopoldina, realizou inúmeros projetos, com destaque para a reforma do Teatro Alencar e a construção do novo prédio do Ginásio Leopoldinense. Empresário e fazendeiro, casou-se com a carioca Dora Müller, dando início à sua família em 1924.

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Dora Müller e Ormeo Junqueira Botelho

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Retrato de família em que aparecem Dora Müller Botelho com o primeiro filho, Francisco Eduardo, no colo, e Ormeo Junqueira Botelho logo atrás, cercados pelos irmãos de Ormeo: Antônio, Adauto, Emerenciana, José e Nanto, mulheres e crianças

UMA CASA PARA CONSTRUIR NOVAS MEMÓRIAS

Ormeo e Dora tiveram cinco filhos, aos quais deram os sobrenomes Müller Botelho: Francisco Eduardo, nascido em 1926, Gilberto em 1927, Lya Maria em 1930, Ivan em 1934 e Alice em 1944. Alguns anos depois do nascimento da caçula, decidiram construir uma nova casa, moderna e elegante, a poucos metros da Praça Félix Martins.

Uma das marcas da arquitetura de Ormeo Junqueira Botelho eram as colunas, que empregou com profusão no prédio do Ginásio Leopoldinense, em 1918. Tais elementos não poderiam faltar na nova residência projetada em 1948, inspirada em E o vento levou, filme que disseminou mundo afora o estilo colonial americano.

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