
PAISAGENS LEOPOLDINENSES
Paisagem é, além dos atributos naturais, cultura, expressão de uma sociedade e de sua identidade, o meio no qual manifestações humanas ocorrem e imprimem suas marcas ao longo do tempo. Neste espaço Paisagens Leopoldinenses, a paisagem cultural leopoldinense é reconhecida e valorizada em exposições temporárias: um conjunto significativo e abrangente de aspectos ambientais, urbanos e rurais, com características sociais, históricas, artísticas e culturais que merecem ser preservados para as próximas gerações como testemunho de suas tradições, sejam estas físicas ou simbólicas.
Na diversidade sociocultural de Leopoldina, a prática musical, erudita e popular, tem grande importância histórica e configura uma relevante paisagem sonora. Um universo de sonoridade peculiar, composto por sons da vida e por sons musicais, diversos e inter-relacionados, reflete o rico universo cultural da comunidade leopoldinense.
Nesse universo, e mais especificamente na vida musical, destacam-se algumas das mais expressivas instituições, associações e manifestações artístico-culturais da região: as Folias de Reis, a Escola de Samba Acadêmicos de Leopoldina, as bandas de música, a Leopoldina Orquestra, o Conservatório de Música Lya Salgado, o Grupo Antique e, em especial, o Clube dos Cutubas.
A mostra inaugural deste espaço, “Paisagem Sonora: Clube dos Cutubas, 100 anos”, homenageia o centenário do tradicional Clube dos Cutubas, comemorado em 2025.

Esperança Jazz e componentes do curso de corte e costura do Clube Cutubas. Acervo de Elpídio Rodrigues
No Brasil, já no final do século XIX e início do XX, a prática do clubismo disseminou-se entre os negros como forma de resistência e defesa cultural de sua gente. Nesses espaços de sociabilidade, na maior parte frequentados pelas elites locais, ouvia-se música e se dançava ao som de grupos e orquestras ao vivo.
O Clube dos Cutubas, local de resistência dos afrodescendentes da cidade criado em 1925, promoveu em Leopoldina eventos musicais de jazz, bolero, samba, soul, pagode, forró, funk e outros ritmos.
Como observou Margareth Franklin, “O Cutubas era o lugar para gastar as horas preciosas roubadas do trabalho. E era trabalho duro nas fazendas de café, depois de gado, na estrada de ferro, nas fábricas de tecidos, na indústria pioneira de energia elétrica, na construção civil, nas casas de família” (Cutubas: clube de negros, território de bambas, 2016).

Importante espaço de sociabilidade para a população menos favorecida, o Cutubas é o mais longevo clube social de Leopoldina. Sua história está contada no livro Cutubas, Clube de Negros, Território de Bambas: memória e patrimônio afrodescendente de Leopoldina, MG, de Margareth Cordeiro Franklin.